segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Capitulo 4 - Preciso (muito) de ti... (Parte 1)


(Ruben)

Assim que a vi arrancar naquele táxi apercebi-me do enorme erro que tinha cometido e arrependi-me de imediato. Rsrsrsr, como é que ainda me deixo levar por aqueles olhinhos!, resmunguei. Voltei para dentro o mais rapidamente para tentar remediar o mal que tinha feito e espantosamente, o David estava muito divertido com a irmã da Anabela.

- David, preciso de falar contigo… - o David olhou para mim e levantou-se do sofá aonde se encontrava

- Que se passa Manz?

- Pois…digamos que deixei a Mena ir-se embora de táxi para casa… - se o olhar matasse tinha a certeza que estava morto – ela pediu-me tanto que não pude dizer que não. Além disso ela foi para casa…

- ‘Cê acha que ela foi p’ra casa? É claro que não! – ele pegou nas chaves do carro e na carteira e rapidamente saiu da minha vista

(Madalena)

Aquela viagem entre a casa do Ruben até ao hospital demorou muito mais tempo do que esperava, pelo menos era o que parecia na minha cabeça. A vontade de acabar com aquela dúvida ridícula estava-me a levar á loucura. Para o tempo passar mais rápido encostei a cabeça ao vidro e fechei os olhos. A face do David invadiu a minha mente mas rapidamente se transformou naquela imagem entre ele e a Inês. Abri os olhos e tirei o meu telemóvel da mala para ver a imagem de fundo que tinha no ecrã. A imagem retratava a doce e genuína amizade que nutria pelo David, a paisagem atrás de nós era de um campo de futebol, no Brasil. Será que o estou a perder? Ele vai deixar de gostar de mim e eu não vou suportar essa ideia…

- Menina, chegamos! – despertei dos meus pensamentos assim que o senhor taxista falou comigo. Tirei da minha mala a carteira e paguei-lhe o valor da viagem. 

Encaminhei-me para a entrada do hospital a passos vagarosos observando a correria de alguns médicos e a extrema calma de outros tentando transmitir essa mesma calma aos familiares dos doentes. O cheiro típico a hospital entrou-me pelo nariz a dentro mesmo antes de ter chegado ao interior do hospital. Que cheiro nauseabundo! Odeio este cheiro…, comentei para mim mesma. Para além do cheiro, a própria áurea hospitalar era negativa, mas também não era para mesmo. O rosto das pessoas que se encontravam na sala de espera e perto da recepção não era propriamente de contentes por estarem ali, aliás, o desespero e a angústia eram os sentimentos predominantes, e claro, a esperança, que é sempre a última a morrer. Desviei-me das pessoas delicadamente que se encontravam entre mim e a recepção mas desta vez com o passo mais acelerado. Sim, aquele aperto no coração que não conhecia o porquê e que me prendia a respiração estava a acontecer com maior intensidade devido á aproximação temporal da resposta que tanto ansiava. E que não conseguia encontrar o porquê desta mesma. Haviam duas recepcionista no balcão, uma delas estava a atender um casal por isso dirigi-me para a outra.

- Boa noite! – comecei. Por segundos, ou minutos, nem eu própria sei, desejei voltar para trás, não queria saber se aquele rapaz estava bem ou não. Havia tantos acidentes diariamente porque é que me haveria de interessar por aquele em especial? Era uma idiota por ainda tentar idealizar na minha cabeça uma família perfeita onde estivesse inserida. Mas antes que pudesse continuar a alimentar um lado obscuro do coração ou se calhar da cabeça, detive-me num choro de uma rapariga. A poucos metros de mim estava um rapaz e uma rapariga sentados, o rapaz não devia ter mais de uns quinze anos e a rapariga uns onze, em que a rapariga estava visivelmente perturbada. O rapaz, presumi ser irmão dela, estava a abraça-la e tentava transmitir paz aquele coração frágil de tanto chorar. As lágrimas formaram-se aos poucos nos meus olhos num grito silencioso de raiva por duas pessoas terem-me posto no mundo e de me terem privado de um gesto tão simples como um abraço de um irmão ou irmã…

- Desculpe, a senhora sente-se bem? – acordei do meu pesadelo de memórias desenterradas e finalmente tive coragem de falar do que me trouxera até aquele local.

- Sim, sim. Desculpe. – limpei as lágrimas e prossegui - Gostaria de saber qual é o estado clínico de Miguel Alves? Ele teve um acidente de automóvel esta manha…

- Só um momento. – pegou rapidamente no rato de computador e procurou o nome que acabara de prenunciara. Rapidamente encontrou o nome e depressa respondeu – O doente Miguel Alves foi transferido para o hospital São João no Porto a pedido dos pais. Saiu á pouco menos de duas horas.  

- Oh… - era como se me tivessem espetado centenas de agulhas no coração, tinha estado tão perto e agora tão longe. – Bem, obrigada pela informação.

Virei as costas e uma sensação de abandono voltou a apoderar-se de mim lentamente. Sempre que criava alguma esperança à minha volta haveria sempre de correr mal e consequentemente punha o meu coração a latejar de dor. Sentei-me num dos bancos da sala de espera, naquele momento tudo o que menos queria era ir para casa. Deixei o meu corpo cair um pouco para a frente e apoiei a cabeça com a ajuda dos braços nas pernas. Fui inundada de pensamentos negativos na minha cabeça durante um tempo infindável, ficando naquela mesma posição até os meus cotovelos doerem. A dor nos cotovelos fez-me mudar de posição e encarar uma menina que estava mesmo à minha frente.

- Gosto muito do teu cabelo! É da cor do Sol que desenhei! – disse a menina sorridente – o Sol não costuma estar triste…está sempre alegre! – não consegui evitar sorrir correspondendo ao sorriso genuíno e puro dela

- Às vezes o Sol é tapado pelas nuvens cinzentas… - a menina ficou muito séria a olhar para mim pensando no que iria dizer, mas entretanto a mãe chamou-a e ela teve que ir embora – Adeus… - disse ela abanando também com a mão.

Por incrível que pareça fiquei a pensar no que a rapariga tinha acabado de dizer…porque é que as coisas não são tão fáceis como imaginamos na infância? Porque é que temos de complicar? Porque é que não podemos apagar a dor tal e qual quando desenhava…Porque é que a vida não é como o Sol, sempre tão reluzente e perfeito?. As respostas, como é claro, não as sabia e também não era dentro do hospital que iria descobrir. Finalmente saí do hospital disposta a ir para casa sozinha mas os meus desejos foram travados pelo David que estava encostado ao seu carro à minha espera. Não queria discutir ou falar naquele momento por isso limitei-me a fazer o que os olhos dele me pediam, entrar naquele carro!
Assim que entrei dentro daquele carro percebi que ele estava zangado comigo por causa da música alta que tinha posto a tocar. Ele sabia o quão odiava ouvir música assim tão alta e naquele momento, um mínimo ruído fazia explodir a minha cabeça, tal e qual como na “ressaca”.  Aguentei aquele barulho por alguns minutos mas cheguei ao ponto de ruptura.

- David… - as minhas palavras foram quase ditas em surdinas…não conseguia falar, o olhar que me transmitia de rompante era de mágoa. Ele estava magoado comigo, raramente tirava os olhos da estrada e nesses casos nem sequer era para mim. – David… - voltei a chamar desta vez de forma mais audível mas nem a sim cedeu. Odiava quando as pessoas faziam de conta que não existia, fazia-me sentir ainda mais solitária e invisível. Desliguei o rádio e peguei no travão de mão… - Pára o carro imediatamente ou eu puxo o travão de mão e não estou a brincar! – olhou para mim e fez o que lhe pedi – Podes-me explicar o que se passa aqui? Isto tudo é por não te ter dito que ia ao hospital? Era importante…

- Eu sei que era muito importante p’ra você mas custava assim tanto contar p’ra mim? – ouvir aquelas custou-me muito, afinal de contas podia ter evitado tudo aquilo se não tivesse tido um ataque de raiva inesperado por ele ter estado tão perto da Inês -  Bastava dizer que ‘cê vinha aqui e eu fazia companhia p’ra você!

- Eu sei mas tu estavas entretido com a Inês que não quis incomodar…parecias tão feliz com ela que achei melhor não te maçar com os meus problemas! Além disso não preciso de nenhum guarda-costas sempre atrás de mim… - respondi secamente e sem vontade de continuar ir por aquele caminho de conversa

- ‘Cê já ouviu bem o que falou? – esta, porventura, estaria a ser a primeira espécie de discussão que estaria a ter com o David. Nunca nos tínhamos desentendido mas agora….algo tinha mudado! - Porquê que está agindo dessa maneira agora? ‘Cê nunca se importou em me chamar seja aonde estiver! Porque é que agora é diferente?

- Não é diferente…está tudo na mesma! E por favor vamos parar com esta  conversa…

- ‘Cê me ‘tá mentindo, eu conheço você melhor que ninguém! Nunca mentiu p’ra mim…algo tá diferente com você! Madalena…

- David… - supliquei para que ele parasse de bombardear perguntas que nem eu sabia responder

- Foi alguma coisa que fiz p’ra ‘cê me falar assim desse jeito? Eu não ‘tou entendendo…

- David não tem nada a ver contigo…tem a ver comigo..

- Então me deixa ajudar…

- David, leva-me a casa! Eu não quero mais conversar nem discutir nem nada…quero apenas chegar a casa na paz do silêncio! – olhei pelo retrovisor e a policia tinha acabado de estacionar mesmo atrás de nós -  A policia vem aí….só faltavam isto agora.

- Boa noite senhores condutores - disse assim que o vidro do carro desceu e se pode ter uma conversa com o senhor agente

- Boa noite! – respondeu o David

- Os documentos por favor… - pediu o senhor agente. O David inclinou-se para o meu lado e abriu o porta-luvas para tirar de lá os documentos do carro e a carteira dele. O senhor agente observou os documentos e devolveu-os – Sabem que não podem estar aqui parados sem alguma sinalização…

- A gente sabe…já vamos indo senhor agente! – respondeu prontamente – boa noite!

- Boa noite e uma boa condução!

Não voltei a falar e ele embora agora tenha olhado mais vezes para mim durante o resto da viagem também não teve coragem de falar. O silêncio imperou durante todo o caminho fazendo-me reflectir sobre a discussão que tivera com o David. Mas antes que tivesse tempo de dizer alguma coisa já tínhamos chegado a minha casa. Retirei o cinto de segurança e saí do carro juntamente com ele. Abri a porta de minha casa e entrei para dentro ficando à porta o David encostado à parede olhando para mim. Tivemos simplesmente a olhar um para o outro, sem palavras ou gestos que pudessem ser bruscos demais para aquele momento. Ele estava iluminado pela luz lunar, fazia realçar toda a sua beleza, todo o seu espírito, toda a sua perfeição deixando petrificada no olhar dele. Até que ele quebrou esse mesmo silêncio.

- Preciso de dizer uma coisa p’ra você…

Peço desculpa por ser tão pequeno mas o próximo será maior!
Espero que gostem!
D.M

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Informação


Para quem quiser visitar o meu blog pessoal está a hiperligação na barra lateral aonde se intitula "o meu blog pessoal"

Obrigada :D
D,M

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Capitulo 3 - Um jantar complicado...um sentimento complicado



Mesmo em frente de Madalena estava a inacreditável Inês, a amiga de faculdade de Madalena, juntamente com uma rapariga mais velha. Depois de alguns segundos para recomporem as ideias, esboçaram um sorriso surpreendido.

- O que estás a fazer aqui? – perguntou Madalena ao mesmo tempo que Inês se levantou para a cumprimentar surpreendida

- Isso pergunto eu, o que estás a fazer em casa do namorado da minha irmã? – a espontaneidade da Inês levou Madalena a olhar para a rapariga que já estava de pé em frente ao sofá e de seguida para o Rúben. Ele, prontamente, foi buscar a namorada e trouxe-a até ela. 

- Como a Inês se antecipou a mim já não vai ter aquele impacto que queria que tivesse mas mesmo assim não foi mau… - Ruben estava um pouco nervoso, teve sempre em consideração a opinião da Madalena e só lhe apresentaria uma namorada oficialmente quando tivesse a certeza que gostava dela - Bem, esta aqui é a Anabela a minha namorada, Anabela esta é a Madalena, a minha maninha de coração! – ele esboçou um sorriso de verdadeiro irmão assim que identificou a Madalena como irmã, mesmo sabendo que ela não o era, ele considerava-a como tal

- Prazer… - Anabela cumprimentou Madalena e de seguida o David que ainda se encontrava junto dela – Ele fala muito em ti…acho que nos vamos dar bem!

- O prazer é todo meu…agora tu menino Ruben… - começou ela – foste escolher uma namorada com o nome da tua mãe, criatura? – disse sorridente para o amigo – não sabias ser mais original?

- Sabes como é, todas as Anabelas são perfeitas ao contrário das Madalenas claro! – David nem deu tempo de reacção para Madalena pensar numa resposta a altura dando-lhe um “calduço”

- ‘Cê é mesmo idiota!

- Pronto, já me calei David!  

Entretanto com a discussão pacífica entre eles criou-se o pretexto ideal para a Inês querer falar com a Madalena, levando-a para a sala aonde o ambiente estava silencioso.

- Eu ainda nem acredito que estás aqui – disse Inês surpreendida, ainda não acreditava que a amiga estivesse ali –  não sabia que os conhecias e que tinhas ligações afectivas com eles.

- Pois, não é algo que goste de andar a dizer a toda a gente – respondeu calmamente - Alem disso também não me disseste que a tua mana estava a namorar com um jogador de futebol.

- A minha irmã gosta de manter a sua relação longe das objectivas, não gosta de ver a sua vida escancarada nas revistas. – Madalena tinha ficado com uma boa impressão da nova namorada do amigo mas mesmo assim não deixava de ficar com um pé atrás, afinal de contas, tratava-se de uma das pessoas mais importantes para ela

- É bom que ela seja assim, não vou admitir sequer, que ela esteja com o Ruben com segundas intenções. Desculpa dizer-te isto desta maneira mas ele para mim é como se fosse um irmão e não vou deixar que alguém o faça sofrer.

- Podes estar descansada que o Anabela não é dessas…ela tem princípios e isso nunca lhe passaria pela cabeça

- Ainda bem que é assim.

Madalena desviou a sua atenção assim que sente o perfume dele a dirigir-se para perto de si. Ela poderia distinguir aquele cheiro em qualquer parte do mundo, deixando-a um pouco nervosa, mesmo sem perceber o que sentia. Ele trazia na mão um gancho para o cabelo e assim que se chegou ao pé dela tocou-lhe na cintura levando-a a ter sensações nunca antes sentidas. Madalena virou-se lentamente e David entregou-lhe o gancho dela

- Nem tinha reparado que ele tinha caído! Sou mesmo uma cabeça tonta… - ela apenas sorriu para esconder a sua atrapalhação, pela primeira vez, não sabia o que lhe dizer. Tudo lhe parecia demasiado patético ou absurdo.

- Vou ter com o Manz p’ra não interromper a vossa conversa! Fiquem bem! – assim que David se foi embora, ela sentiu-se mais aliviada mas ainda assim, continuava confusa 

- Olha… - Inês chamou-a baixinho e ela aproximou-se ainda mais da amiga – sabes se o David tem alguém?

- Se tem alguém? – aquela pergunta caiu-lhe no coração como uma pedra, como se a ideia de ele ter alguém fosse demasiado dolorosa para ela suportar –  Como assim? – tentou parecer despercebida 

- Se tem namorada? É que já o tinha conhecido numa das vezes que fui com a minha irmã e ele pareceu-me super simpático e querido. Sabes se tem?

- Que eu saiba não.

(Madalena)

- Olá minha querida! – ouvir aquela voz foi a melhor coisa que me podia ter acontecido, era o motivo ideal para não pensar naquela conversa sobre o David. Olhei para trás e apareceu a tia Bela com um sorriso enorme no rosto por me ver.  

- Tia! Ainda não a tinha visto. – ao mesmo tempo que a cumprimentava, a minha cumplicidade com a mãe do Ruben crescia todos os dias, adorava conversar com ela. Ao longo dos tempos tornou-se uma verdadeira tia.

- Pois, ainda não me foste cumprimentar, achei estranho! – ela pegou na minha mão direita e fez-me dar uma volta – ai minha filha! Tu estás tão magrinha…já nem deves pesar 50 quilos! Eu devia… - interrompi-a antes que ela formasse ainda mais filmes na sua cabeça

- Tia! Eu estou bem não se preocupe…prometo! – tentei descansar aquele coraçãozinho que mesmo prometendo sabia que ela nunca ficaria cem por cento descansada – E não se preocupe porque tenho o seu número pronto a chamar no meu telemóvel se acontecer alguma coisa.

- Sabes como é o coração de mãe…anda sempre preocupado. – era esse tipo de carinho que me fazia suspirar de alivio e não me sentir perdida num mundo em que achava que não tinha um lugar para mim –  Eu preciso de te dar uma palavrinha ali na cozinha, pode ser ou estou a interromper alguma coisa?

- Não, Dona Anabela, eu vou ali ter com eles. – respondeu a Inês que rapidamente se encaminhou para junto da sua irmã e do Ruben – a tia pegou-me na mão e levou-me em direcção á cozinha aonde preparava o magnifico jantar

- Hum, cheira muito bem! O que vai ser o jantar? – o cheiro que estava naquela cozinha deliciava o meu estômago. Aquelas mãozinhas da mãe do Ruben eram autênticas varinhas mágicas e cozinhavam os melhores pratos de comida!

- É surpresa! – ela fez um pausa e pelo olhar dela, a coisa que queria falar comigo não era fácil e isso preocupou-me – O Ruben disse-me que não tinhas aceitado a proposta dele de vires para aqui morar, fiquei triste.

O Ruben tinha-me feito aquele convite a uns três ou quatro dias atrás mas eu tinha negado aquele convite. Não era que não adorasse a ideia, aliás, sempre que visitava aquela casa sentia-me sempre extraordinariamente bem e acima de tudo, fazia sentir parte de uma família. Mas…só o facto de pensar em sair da casa da minha avó, aonde tinha crescido com o amor mais puro que uma avó pode oferecer os seus netos, mergulhava num profundo vazio. Não podia separar-me do único lugar que me fazia lembrar a minha avó, era como se a tivesse a enterrar todo o sacrifício que fizera comigo.  

- Sabe tia, eu fiquei bastante lisonjeada com a proposta e não tenho palavras para agradecer o que têm feito por mim, tem sido espantoso. Aliás o David também já me perguntou se eu não queria passar um tempo em casa dele mas… - não queria desiludir nenhum deles mas precisava mesmo de um espaço só meu

- Não te sentirias à vontade é isso, ainda por mais agora com a namorada dele, a Anabela. – o rosto da mãe do Ruben era de tristeza e isso corroía-me por dentro, não queria vê-la desse jeito.

- Tia não é isso…o Ruben só me disse que tinha namorado ontem por isso, o facto de ter namorado não influenciou em nada a minha decisão. Se por um lado, já tenha vindo aqui dormir vezes sem contas era mesmo só isso, dormir de vez em quando. Agora ficar a viver, de certa forma, era estranho. Eu preservo muito o meu espaço, as minhas coisas, a minha casa, é o local aonde sinto que estou protegida.

- Também não será o teu inconsciente a não te deixar sair da memória da tua avó. – acho que a minha expressão disse tudo, o porquê de não sair daquela casa recaia apenas na luta que travava em não me separar da minha “mãe”.

- Sinto que se abandonar aquela casa estou a abandonar. Eu sei que parece ridículo mas é o que me vai na alma… - ela chegou-se ao pé de mim e deu-me um beijo na testa e abraçou-me. Não era apenas um abraço, era mais do que o simples sentimento de me fazer sentir segura…era o amor que ela sentia por mim, de me querer proteger de tudo e de todos.

- Não é nada ridículo, é amor. Não quero nem vou permitir que alguém te faça perder esses laços tão fortes…apenas ficaria mais descansada se soubesse que estaria alguém contigo. Sabe-se lá o que pode acontecer…tu estás lá sozinha sem ninguém, pode acontecer um acidente e…

- Também não podemos estar a pensar nisso. O que tiver de acontecer acontece, não hei-de estar a pensar nisso… - tentei sossega-la mas era impossível – Além disso, estou a pensar em remodelar a casa…era algo que eu e a minha avó vínhamos conversando e acho que é a altura ideal. Será uma espécie de último desejo dela, apenas deixarei intacto o quarto dela, quanto ao resto é munda completa!

- Fico muito feliz por isso. Se quiseres eu posso dar uma mãozinha… - apenas sorri, ela não perdia nenhuma oportunidade em me ter debaixo de olho - Por falar noutra coisa que me esqueci de dizer, pareces-me um pouco pálida… - instintivamente pus a mão na face e ainda devia estar “ressacada” por causa do acidente.

- Deve ter sido por causa do acidente á pouco… - respondi

- O que aconteceu? Diz lá filha!

- O jovem que foi transportado chamava-se Miguel Alves e, eu sei que é ridículo, mas por momentos pensei que pudesse ser da minha família e fiquei com um nó no estômago e um medo irracional de lhe acontecer alguma coisa. – sempre que pensava no assunto, a cada segundo parecia-me mais ridículo a ideia de ele pertencer á minha família – É estúpido não é?

- Oh minha querida! Tudo o que estás a sentir é normal e só vai passar quando descobrires, finalmente, os teus pais e as tuas raízes.

- Mas eu nunca hei-de encontrar os meus pais, a minha avó acabou por…por…por falecer sem me dizer seja o que for. Eu não tenho nada em que me agarrar para os descobrir…além disso às vezes penso que não os quero encontrar para não me magoar com a justificação deles.

- Tens muita mágoa dentro do teu coração e só vais conseguir seguir em frente quando conseguires enterrar todos esses medos. E isso só acontece quando os encontrares e ouvires tudo o que eles têm para te dizer. Sei que é um percurso complicado mas assim que acabar vais-te sentir uma nova Madalena. – ouvir era muito fácil o mais difícil era reagir, por muito que tentasse não conseguia seguir em frente

- O David também já mo disse mas é muito complicado, nem sei explicar o quanto.

- Hum, o David disse? – ela fez uma cara estranha que não percebia

- Sim, porquê? Porque está com essa cara?

- Por nada, é só que o David se preocupa muito contigo… - continuava sem perceber nada daquele tom de voz que utilizava

- Sim, tal e qual como o Ruben. Não percebo porque é que fez essa cara…

- Ai minha filha, eu já ando neste mundo á mais tempo do que tu e á certos sinais bastante evidentes mas deixa lá!

- Então esse almoço não sai? Tenho cá um buraco no estômago! – o Ruben entrou d rompante dentro da cozinha e claro, cheio de fome como de costume

- Só um? Eu acho que são uns cinco ou seis! – não pude de deixar de o irritar mais um pouquinho e de me rir um pouco

- Não gozes maninha, não gozes!

- Já me calei! Vamos lá comer antes que fiques ainda mais resmungão

O jantar foi relativamente calmo, sem grandes espalhafatos. Deu para conhecer um pouco melhor a Anabela e pareceu-me uma rapariga simpática, com um excelente bom humor. Não poderia dizer já que era a pessoa certa para ele porque só ele é que sabe mas pelo menos, passou no primeiro teste. Enquanto isso o David travava uma conversa muito agradável com a Inês deixando-me estranhamente irritada. Por alguma razão não os conseguia ver juntos, não suportava a ideia de ele sorrir para ela. E ainda mais para piorar o meu estado de espírito não me conseguia desprender do rapaz que tinha sofrido o acidente.
Depois da sobremesa fomos todos para a sala, ainda tentei ajudar a mãe do Ruben mas ela não me deixava.

- Vens comigo até lá fora? – perguntou-me o Ruben, levantei-me do sofá e encaminhei-me atrás dele até ao jardim. Ele sentou-se no chão e eu repeti-lhe o movimento ficando com a perfeita visão de tudo o que se passava dentro da casa. Dava perfeitamente para ver os sorrisos e a alegria estampada nos rostos do David e da Inês – Como é que correu o primeiro dia da faculdade maninha?

- Correu bem… - disse muito vagamente, a minha atenção não estava nem pouco mais ou menos centrada no Ruben. O David tinha tocado na mão da Inês, um arrepio monumental percorreu pela minha coluna vertebral, fazendo-me desejar estar naquele lugar aonde se sentava a Inês. Mas em que raio é que eu estou a pensar! Tira isto da tua cabeça Madalena! É só o David…apenas o David…o mesmo David de sempre! 

- Com esse entusiasmo todo nem quero saber quando correr mal… - ele apercebeu-se da minha pouca atenção e decidiu dar-me um encontrão desequilibrando-me – acorda rapariga! 

- O que é que se passou contigo? – estava tão concentrada naquela imagem e naqueles pensamentos absurdos que ele apanhou-me de surpresa – Sim, já disse que correu bem o primeiro dia! Que queres que diga mais?

- Não precisas de responder dessa maneira… - olhei para ele e apercebi-me que tinha sido dura demais

- Desculpa…Sim, o primeiro dia correu bastante bem e tenho a certeza que vou adorar. Vou ser a melhor advogada do mundo! – disse cheia de confiança, era um dos desejos da minha avó e estava disposta a tudo para o conseguir. Já agora, vou começar a trabalhar para a Benfica TV já para a semana, fui lá hoje e informaram-me.

- A sério? Ainda bem…estou tão contente! Agora o que era mesmo espectacular era andares connosco nos jogos, isso sim! – ele adorava a ideia de ir trabalhar para a Benfica TV porque achava que eu ficava muito bem na televisão. Ideias parvas dele. Odiava aparecer na televisão, o meu trabalho consistia apenas em produzir os textos para os jornalistas que apareciam em directo nos estádios.

- Tu já sabes que eu não gosto de aparecer em frente das objectivas…por isso não te ponhas a sonhar! – entretanto o David e a Inês continuavam muito animados deixando-me muito irritada

- Então isso é tudo só ciúmes ou sou eu que estou a sonhar? – olhei para ele incrédula com o que tinha acabado de dizer, como é que ele podia achar que eu estava com ciúmes? Como?

- Por favor Ruben, não me faças rir sim? – ao mesmo tempo que me levantava do chão.

- Pois claro. Deves pensar que eu não te conheço? – ainda não acreditava que ele achasse mesmo aquilo que dizia.

- Se me conhecesses não dirias tal coisa, eu apenas estava a olhar para aquele lado por um simples acaso! – respondi já furiosa com aquelas insinuações, já não bastava estar irritada sem saber ainda tinha que levar com aquelas conversas do Ruben

- Mena! Para quê que estás a tapar o Sol com a peneira? Não me enganas assim tão facilmente!

- E tu tens cá uma moral para falares! Por acaso disseste-me que estavas apaixonado ou que tinhas namorada? Apenas mo disseste quando me convidaste para o jantar! Achas isso normal? – com aquela conversa tinha mesmo explodido com a minha paciência – Portanto eu não tenho de dizer quando ou quando não estou apaixonada! E para que fique bem claro, não estou apaixonada por ninguém!

- Tu sabes perfeitamente o motivo para que o fiz, tinha de ter a certeza que ela era alguém especial entendes? Não te queria apresentar alguém que depois de duas ou três semanas já não estava com ela. Eu sei o que sofreste por causa dos teus pais e por isso não te quero meter nas minhas relações falhadas…

- Claro, já agora tenho que viver numa redoma de vidro para todo o sempre! Bolas, preferia que me tivesses apresentado trinta namoradas, queria ter estado contigo em todos esses momentos! Foi isso que fizeste comigo e parece que tens medo que eu o faça contigo!

- Mas não queria ver-te triste…desapontada, preocupada comigo enquanto a tua vida merece mais preocupações do que a minha vida inteira!

- Vês, é disso que falo! Apesar de tudo o que passei, um lado positivo é que amadureci bastante… é verdade que criei uma barreira á minha volta para me proteger mas foi uma solução que arranjei. Mas tu, o David, a tua família, todos vocês estão dentro dessa barreira. Fico muito agradecida pelo facto de me queres proteger mas, simplesmente, quero viver como uma rapariga de dezoito anos vive!

- Desculpa! Desculpa por não ter percebido que te sentias assim, sou um péssimo irmão! – ele já estava á minha frente de pé, o que tinha acabado de dizer era a ideia mais absurda que dissera em todos estes anos. Fi-lo olhar para mim para perceber bem o que iria dizer

- Que seja a última vez que digas uma coisa dessas, senão eu juro que te bato à seria deixando-te tão partido que nem sais da cama! – ele nem sequer reagiu ao que lhe disse

- É verdade o que disse!  

- E eu sou o pai natal, por favor! És, sem dúvida, o melhor amigo que eu alguma vez tivera sonhado! Saíste bem melhor do que a encomenda!

- Saí não saí? Eu sou uma obra prima, não há ninguém igual a mim!

- Graças a Deus! Devia ser bonito haver dois Ruben’s! Agora a sério, ver esse teu sorrisinho apaixonado e saber que estás feliz, vale por tudo! Estou mesmo contente por vocês e espero o melhor!

- Obrigada! – olhei para o relógio e já era tarde, no dia seguinte tinha que me levantar cedo. Olhei para o David e ele continuava entretido por isso decidi ir-me embora.

- Olha Ruben eu vou-me embora, já é tarde e amanha tenho que me levantar cedo! Está bem?

- Tu é que sabes, vou chamar o David… - agarrei-lhe o braço impedindo-o de ir ter com o Ruben

- Não o vás chamar, eu vou sozinha!

- Estás doida? Nem pensar…

- Por favor… - pedi, depois do que aconteceu naquela noite precisava de ficar um pouco sozinha e a última coisa que queria era conversar com o David – faz isso por mim…eu chamo um táxi e quando chegar a casa telefono-te.

- O David não me vai perdoar se te deixar ir sozinha…

- Mas sou eu que te estou a pedir…amanhã falo com o David e explico-lhe tudo. Combinado?

- Está bem! Convenceste-me…

Fui lá dentro despedir-me da mãe do Ruben enquanto o Ruben chamava o táxi. Assim que saí cá para fora já estava o transporte á minha espera. Despedi-me do Ruben e entrei dentro do táxi

- Hospital São Francisco Xavier, por favor!

Espero que gostem e que comentem!
Peço desculpa  pela demora mais foi-me completamente impossível postar mais cedo!
Obrigada!
D.M

sábado, 22 de outubro de 2011

Capitulo 2 - A força do destino ou apenas o desejo do coração







Depois de sair das quatro paredes que delimitavam a casa da Madalena, David nem sabia o que pensar e os seus sentimentos aumentavam dia para dia a uma velocidade estonteante. Sentia-se cada vez mais sem espaço de manobra, entre a espada e a parede. O sorriso dela, o olhar, os pequenos pormenores que só ela era capaz de fazer levavam-no a ter a certeza dos seus sentimentos por ela. Queria acima de tudo, vê-la feliz e faria o impossível por isso nem que se tivesse de prejudicar. Depois de entrar no carro decidiu telefonar ao Ruben

- Ei Manz, preciso de falar com você! – do outro lado, Ruben andava a preparar o jantar com a ajuda da sua mãe

- Não pode esperar por logo? – pediu – É que estou um bocado ocupado agora, estou a preparar as coisas para logo á noite. Não te importas pois não?

- Não, claro que não. Força aí, a gente chega aí cedo! – Ruben percebendo o tom de voz do amigo parou o que estava a fazer e prestou-lhe a devida atenção

- Pronto. Já percebi que há aí coisa…conta aí! Não, espera, deixa-me adivinhar, é sobre a menina Mena? – o silencio do David e o seu suspirar desconsolado denunciou-o de imediato – Mano, quando é que decides de uma vez contar-lhe o que sentes? Eu sei que é um risco, mas o amor não é isso mesmo, escolhas arriscadas?

- Eu sei isso tudo mas…

- Mas qual mas qual quê! Olha eu tenho mesmo que desligar porque senão a Dona Anabela vai-me dar na cabeça! Por isso pensa bem no que queres e no que é realmente importante para ti, se não tiveres preparado para assumires o que sentes, como tu dizes, deixa rolar e vê o que acontece!

- Tá bem Manz. Até já…  

(…)

- David já desço! – disse Madalena ao auscultador. Foi buscar rapidamente a sua mala e olhou-se mais uma vez ao espelho para ver se estava tudo no sítio. Assim que saiu de casa estava o David encostado à porta do pendura a olhar para o desconhecido, bastante nervoso ainda – já estou aqui criatura! – disse-o resignada por ele ainda não a ter visto. Assim que ele põe os olhos em cima dela não os conseguir mexer para mais lado nenhum – David? – ela passou as mãos em frente dos olhos dele acordando-o daquele estado de dormência

- Ah…vamo?

- Se saíres da frente da porta do carro, agradecia – ele abriu a porta e deixou-a entrar – está tudo bem contigo? – perguntou assim que David entrou dentro do carro – Estás um bocado estranho.

- ‘Cê ‘tá imaginando coisas nessa sua cabecinha! Eu é que ‘tava pensando numa coisa do treino e não estava á espera que ‘cê aparecesse assim tão de repente!

- O que aconteceu no treino? – perguntou com alguma curiosidade e um pouco de preocupação

- É a nova táctica pró próximo jogo, não se precisa de preocupar não!

- Eu não me preocupo mesmo, já sei que vocês vão ganhar! Confiança plena em vocês e no vosso trabalho! – Ela era uma adepta fervorosa da equipa encarnada e não perdia nenhuma oportunidade para os elogiar, tantos nos maus momentos como nos bons

- É mesmo desse apoio que a gente precisa…confiança dos nossos adeptos! – antes de poderem continuar com a conversa o telemóvel da Madalena começou a tocar

(Madalena)

- Estou… - disse assim que atendi a chamada do número privado

- Olá Mena! Sou eu a Inês, a da faculdade… - assim que ouvi a voz dela reconhecia de imediato

- Olá Inês…então já estás melhor dos pés? – perguntei com um sorriso nos lábios – ou ainda não melhorou? – embora fosse ela a queixar-se mais dos pés, os meus também me doíam bastante e os saltos que trazia estavam a fazer das suas.

- Já melhorou, graças a Deus! Acho que não aguento outro dia assim mas pronto, tem que ser. Olha, telefonei-te apenas para não te esqueceres de mim porque gostei muito de te conhecer! – assim que a vi na faculdade tive de imediato uma empatia com ela, não sabia explicar porquê mas tinha.

- Eu também gostei de te conhecer, acho que nos vamos dar bem! – respondi sorridente

- Sim, eu também! Bem, é tudo…até amanha!

- Até amanha!

Assim que desliguei a chamada o David teve que parar o carro na estrada pois havia uma enorme fila de carros. Liguei o rádio para perceber se noticiavam algum acidente na estrada em que estávamos, e assim que se começou a ouvir a voz do locutor não demorou muito para falar sobre o acidente. Recebemos informação da ocorrência de um acidente entre dois ligeiros na estrada (?) perto da rotunda que dá acesso à segunda circular sentido norte-sul. Ainda não se pode apurar se existem mortos mas pelo menos um ferido grave encarcerado está a ser retirado do automóvel depois de algum tempo de desencarceramento por parte dos bombeiros. Esperamos mais informações… Algo não estava bem, o meu coração diminuía, a cada batida, a sua frequência, um formigueiro estranho avançava desde os meus pés subindo pelas pernas parando apenas no coração com uma grande dor.

- Vou ligar ao Manz que a gente vai chegar atrasado!

Por momentos a minha atenção voltou-se para a mão do David que se dirigia ao telemóvel dele mas rapidamente voltou para o acidente. Enquanto ele falava com o Ruben disse-lhe que ia ver o que se tinha passado, ele abanou a cabeça negativamente mas eu abri a porta e saí á mesma do carro. Assim que comecei a andar, o meu corpo parecia que estava preso ao chão, um medo arrepiante que percorria todo o meu corpo, fazia-me ter receio do que pudesse encontrar. Algo que não compreendia, de todo, era o facto de aquele simples acidente me estar a perturbar assim tanto. As pessoas que estavam dentro dos carros olhavam para mim assim que passava pelos seus campos de visão. Ao longe pude começar a reparar no fumo que saia dos carros, o que significava que estava cada vez mais perto do acidente. O meu coração quase que já não tinha força para bombear o sangue para o resto do corpo, os meus pés apenas se arrastava pelo chão até ao local do acidente.

Havia dois carros completamente destruídos pelo choque e pelo consequente incêndio que daí proveio. Um senhor, que depreendi ser um dos condutores com idade por volta dos trinta, estava sentado na ambulância a ser assistido por uma equipa média. Enquanto o outro condutor estava a precisar de enormes cuidados por parte de outra equipa média. Os Guardas da Unidade de Transito estavam a falar ao pé de mim e pude ouvir um deles a falar para o seu destacamento. O condutor do Ford Fiesta azul está livre de perigo, tem trinta e dois anos e dá pelo nome de Manuel Gonçalves, tem apenas algumas escoriações, o teste do álcool deu 0.00 g/L. Já o condutor do Fiat 500 vermelho, pelo que pudemos verificar, tem vinte anos, chama-se Miguel Alves e está em estado grave. Vai ser transportado para o Hospital São Francisco Xavier e aí serão feitos todos os testes necessários para averiguar se conduzia sob o efeito do álcool… Assim que ouvi o nome do rapaz que estava deitado na maca, o meu coração parou momentaneamente. Não sentia as minhas pernas nem o meu corpo. O meu coração mirrou ao ver o jovem a ser transportado para a ambulância em maca com ajuda de dois bombeiros.

A curiosidade das pessoas fez com que saíssem do carro e fossem ver o que estava a acontecer. Pobre rapaz, com apenas vinte anos e está em perigo de vida!, disse uma senhora que estava ao pé de mim. Estes jovens de agora não se sabem comportar, muito provavelmente deve ter bebido, estes jovens não têm responsabilidades, disse-o outra pessoa. Ainda não se sabia as causas do acidente mas as pessoas já especulavam e atiravam culpas ao jovem. Por vezes a sociedade podia ser muito cruel, aliás, até em demasia. O trânsito estava a ser desviado pela via da esquerda, agora com mais rapidez, pois já podia vislumbrar perto de mim o carro do David. Voltei novamente para o carro angustiada sem perceber o porquê do acidente me afectar tanto.   

- Nossa! Que acidente! – disse o David assim que entrei no carro – há algum morto? – só de pensar nisso, ou até pôr essa possibilidade em questão fazia-me desejar sair dali, evaporar, desaparecer! – Mena o que se passa?

Abracei-o, não havia forma de controlar. Tinha um medo abismal e estranhamente doloroso com o que pudesse acontecer aquele rapaz que estava ali. Seria o facto de ele ser jovem e por ter a vida toda pela frente? Ou porque tinha o mesmo apelido do que eu? Por poder ser família e eu não saber… Assim que pensei em tal hipótese desejei nunca me ter lembrado dela pois só trazia ainda mais sofrimento. Fazia-me lembrar os meus pais e o que poderia ter vivido sem a ausência deles.

PIIIIIIIIIIIIIIII

O barulho das buzinas fez-me largar o David e ele arrancou com o carro. Olhei pelo vidro e pude ver o local do acidente enquanto o carro andava, o jovem já estaria na ambulância e esta devia estar prestes a partir. Assim que deixei de ver o acidente encostei a cabeça ao vidro e tentei acalmar as ideias que saltitavam na minha mente.

- Mena… - o David chamou-me mas eu não respondi – Mena… - voltei a ouvir o meu nome mas fiz de conta que não estava a ouvir nada – Mena fala p’ra mim, o que se passou? Conheceu alguém no acidente? – olhei para ele e ele estava a variar a sua atenção tanto na estrada como em mim – ‘Cê me pode dizer o que se passou ou vou ter que parar o carro!

- Não faço a mínima ideia de quem sejam…apenas sei que existem dois feridos, um com trinta e dois anos livre de perigo e outro com vinte que está…que está em perigo de vida – disse com algum custo – não sei porque é que me está a afectar tanto mas…mas, sei lá, não faço ideia do que se está a passar e porque é que só me apetece chorar – Entretanto já tínhamos chegado a casa do Ruben, ele desprendeu o cinto depois de desligar o carro e olhou para mim

- Anda cá! – ele puxou-me para ele e deu-me um beijo na testa seguido de um abraço forte – isso vai passar vai ver! Existem pessoas mais sensível a esse tipo de acidente e deve ter sido por isso que ficou desse jeito meio com medo

- Achas?

- Tenho a certeza moça! ‘Cê vai ver que isso já passa assim que vir a cara do Manz esfomeado – disse a rir e também não pude deixar de rir com tamanha visão do Ruben esfomeado – Mas se preferir eu levo você de novo a casa e explico tudo ao Manz, ele não se vai importar!

- Não David, este jantar é importante para o Ruben, não quero faltar de modo algum por causa de uma parvoíce da minha cabeça.

- Não é parvoíce, ‘cê não tá bem, eu sinto! – eu dei-lhe um beijo na cara e de seguida segurei na mão dele

- Não te preocupes…posso não estar bem agora mas assim que vir a cara do Ruben de desespero por causa do nosso atrasado, vou ficar lindamente, acredita! Vamos? – fiz um enorme sorriso tentado tranquiliza-lo

- Como é teimosa moça! Consegue sempre me dar a volta né? – acabei por lhe dar outro beijo e assim que saímos do carro respondi

- Faço por isso!

Fomos em direcção à entrada da casa do Ruben e tocamos á porta, de dentro já se ouvia muita movimentação e assim que tocamos podemos ouvir a voz do Ruben ao berros a dizer que vinha abrir a porta.

- Aleluia pessoal! – disse assim que abriu a porta – estava a ver que tinha que ir fazer outra estrada para vocês chegarem a horas decentes! Anda uma pessoa a preparar um jantar tão importante como este e estas duas alminhas á minha frente tinham que estragar o programado…

- Eu não disse p’ra você que ele tava esfomeado… - disse o David super divertido para mim – E você continua aí especado na porta? Assim é que a gente nunca mais entra…

- Que engraçado que tu me saíste! Entrem lá…

Entramos dentro de casa e fomos para a sala. Assim que chegamos, eu nem queria acreditar no que os meus olhos me estavam a mostrar. Era um sonho…

Obrigada pelos comentários, são um grande incentivo!!
Espero que gostem..
Dé 

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

1º capitulo - A nova pintura (Parte II)




Madalena andava entusiasmada com a nova perspectiva de vida. Ideias imergiam a um ritmo frenético na sua cabeça para as paredes da sala, com tamanha informação já a circular pegou rapidamente no seu caderno de desenho e pôs as ideias no papel. Em poucos minutos já tinha uma dúzia de folhas completamente preenchidas e ainda a magicar ideias novas. Tudo lhe saia com uma naturalidade que nem ela se apercebia da rapidez que desenhava. Enquanto isso, David e Ruben iam a discutir a caminho dos treinos a prenda para a Madalena.

- Já disse que ela vai gostar! Conheço-a tão bem como a palma da minha mão! – Ruben gesticulou com os braços mas o David não pode ver porque estava a conduzir – ouve o que te digo, ela vai gostar!

- Manz, ‘cê não tá percebendo nada do que estou dizendo! – disse frustrado com a tamanha lentidão de compreensão do amigo – Eu sei que ela vai gostá, mas não é esse o problema! Ela nunca irá aceitá a prenda…

- Pode não aceitar á primeira mas aceita á segunda…ou á terceira – Ruben também estava um pouco reticente mas queria arriscar á mesma o presente – Ela merece isso e muito mais…já sofreu demais para apenas dezoito anos! 

- Não sei…a gente pode ainda pensar noutra coisa! – tentou mais uma vez dissuadir o amigo mas foi inútil

- Confia em mim, ela vai amar! E tu? Já te decidiste se lhe vais dar o que compraste no outro dia? – David demorou um pouco a responder por isso entreviu rapidamente – pronto, não precisas de responder porque já sei a tua resposta!

- Como ‘cê sabe? P’ra sua informação vou lhe dar sim!

- A sério? Bem até que enfim que te decidiste… - Ruben fez uma pausa antes de prosseguir - …e vais finalmente assumir o que sentes ou isso ainda vai esperar para depois? – Rúben tinha á pouco tempo descoberto a paixão secreta do David pela Madalena, algo que suspeitava mas nunca pensou que fosse verdade.

- Manz ‘cê tá louco? Claro que não…ainda nem sei como é que lhe vou entregá o presente quanto mais falá!

- Estás a gozar comigo certo? – a expressão do Ruben era de uma evidente desilusão, embora não soubesse se o amor era correspondido ao não, preferia ver o amigo a arriscar do que a ficar simplesmente a observar – Eu desisto! Se não queres dizer não digas! Mas se depois ela arranjar um namorado não venhas para cima de mim queixares-te de que devias ter dito alguma coisa! – David nem respondeu, estava demasiado inseguro, não com o que sentia porque isso já era bastante óbvio, mas sim com a reacção da Madalena.

Enquanto eles estavam nos treinos a Madalena foi até ao Estádio da Luz para tratar do contracto que iria assinar para trabalhar na Benfica TV. Iria fazer trabalho de jornalismo em especial incidência, com a equipa de futebol aonde iria seguir a equipa para todo o lado. Embora a sua avó no inicio não tenha achado grande piada ao facto de ir aparecer na televisão, acabou por concordar. Depois de tratar de todos os pormenores voltou para casa e ficou á espera dele.

Flashback on

(Madalena)

Estava a desenhar umas coisitas para a prenda do David quando me assombram inquietações sobre os meus pais. Por muito que tentasse perdoar os meus pais para nunca mais pensar neles, eis que dúvidas e pesadelos me tornam tão pequenina que só me apetece desaparecer. Desta vez, as dúvidas recaíam sobre o meu talento para o desenho, perguntas como “será que a minha mãe ou o meu pai também têm este talento?” ou “será que eles são pintores?”. Mais uma vez, tinha inúmeras perguntas sem direito a respostas. Por muito que tentasse “espremer” a minha avó ela não se “descosia” e acaba sempre por dizer “quando chegar a altura logo saberás!”. Mas será que eu não tinha o direito de pelo menos ter algumas notícias sobre os meus progenitores? E ao mesmo tempo tinha receio de descobrir algo que me pudesse magoar, algo que a minha avó tentava esconder a todo o custo. Mesmo assim deixei-me levar pela curiosidade e fui tentar obter resposta.

- Avó? – bati á porta do quarto dela e do outro lado ouvi um “sim” abrindo de imediato a porta – Como está? Humm…estou a ver que anda a fazer das suas! – a minha avó sempre gostou de escrever e naquele preciso momento estava a ter um dos seus “devaneios artísticos”, como ela gosta de chamar.

- Não digas tolices! Achas que uma pessoa com a minha idade pode fazer malandragens? – ela sorria como sempre o fazia mas desta vez com um sorriso malandro. Tinha pousado o lápis e concentrou toda a sua atenção na minha pessoa

- Com certeza! Nunca pensaria tal coisa de si! – sentei-me na beira da cama de forma a poder vê-la – ham…tive a pensar…aliás, tive a pintar e…sabe acha que me pode contar se…bem… - por muito que tentasse encontrar as palavras ideais para falar sobre os meus pais parecia que nenhuma era suficientemente elucidativa do que estava a sentir. Por vezes as palavras tomavam valores sentimentais que não eram aqueles que queria demonstrar e por vezes, mostravam um lado mais frio que não era de todo, o que sentia – Eu só queria saber se me pode dizer se os meus pais têm a mesma paixão pela pintura que eu… - os olhos da minha avó mostravam que ela já estava á espera do tema da conversa, e acima de tudo, já sabia quais eram as perguntas que flutuavam na minha mente. Ela levantou-se da sua cadeira e foi-se sentar ao meu lado, abraçou-me e depois de alguns minutos de silêncio, finalmente falou.

- Perguntei-me várias vezes quando é que me irias perguntar isso…até demoraste mais tempo do que estava á espera. Penso que foi por causa do medo que tens em descobrir seja o que for… - ela voltou a levantar-se mas desta vez dirigiu-se até á janela do quanto, dava para ver nos seus olhos que aquele assunto a magoava muito e fez-me sentir muito mal por trazer más recordações

- Desculpe…não precisa de responder! Eu é que sou uma parva…ainda sonho com parvoíces que sei que nunca se irão recordar!

- Tu não tens culpa… - ela olhou para mim com os olhos vidrados – a tua mãe…a tua mãe tem um jeito natural para o desenho como tu o tens! – quando a minha avó prenunciou o nome da minha mãe, uma alegria inexplicável invadiu o meu coração. Vezes sem contas pensava no que teria em comum com os meus progenitores, as fotografias que tinha deles eram meramente um vislumbre de algo que queria muito ao meu lado.

- A sério? – finalmente conseguia algo da boca da minha avó sem ser “quando for a altura de saber saberás!”. Toda aquela excitação levou-me a perguntar mais coisas… - E como é que eles estão…? – a minha avó olhou para mim e logo percebi que não iria saber mais nada

- Quando fizeres os dezoito anos vais ter todas as respostas para as tuas perguntas – já esperava por respostas à demasiado tempo, e isso estava a deixar-me os nervos em franja com tamanho secretismo –  Só quero que me prometas uma coisa…

- O quê avó?

- Que perdoes os teus pais…. – era a primeira vez que ela falava em tal coisa em dezassete anos da minha existência. Percebi de imediato que ela queria muito que eu fosse feliz e acima de tudo, que não tivesse problemas com o passado - Eu sei que não existe nenhuma justificação possível para o que fizeram mas…

- Eu sei avó… - ouvir, sequer, falar em perdoar duas pessoas que me fizeram sofrer durante toda a minha vida, estava longe de se concretizar. Por muito que, por vezes seja atacada por uma vontade louca de saber como eles são, o que fazem, se estão bem, tudo isso não passa disso mesmo, de um simples momento. Depois desse momento é só raiva e frustração… - lamento mas não o consigo fazer. Seja qual fores as justificações que tenham, um filho é sempre um filho, um ser humano por quem eles deviam ter tido mais consideração quando decidiram abandona-lo no mundo!

Flashback off

A campainha estava a tocar e fê-la despertar para a realidade, saltou do sofá e foi abrir a porta de casa. Á sua porta encontrava-se já o David que estava há um bom bocado à espera que a Madalena abrisse a porta.

- Já ‘tava aqui á um tempão a tocar! – resmungou sorrindo ao mesmo tempo que entrava dentro de casa. Madalena ainda estava meia aluada com os seus pensamentos transparecendo alguma insegurança para fora  – aconteceu algo?

- Não não! – elevou as mãos à cara numa tentativa de a fazer acordar daquelas memórias passadas – Estava só no meu momento de pairar na Lua! Desculpa… - ela fez uns olhinhos de arrependida levando quase à loucura os sentimentos do David

- Só desculpo com uma condição… - deixando a Madalena completamente curiosa – ‘cê tem que me dar um grande beijão!

- Olha-me este! Hoje estás muito mimoso mas está bem! – ela pôs-se em biquinhos de pés para conseguir chegar até ele mas o David estava virado para a brincadeira e por muito que a Madalena tentasse, não conseguia chegar ao rosto dele – olha lá oh grandalhão! Foste tu que pediste o beijo não eu! – ele para a fazer parar pega nela ao colo fazendo-a resmungar – põe-me no chão David!! Hoje estás mesmo chatinho!

- ‘Cê não me consegue resistir moça! – ele pô-la no sofá da sala e deu-lhe um beijo na testa – então qual é o assunto assim tão urgente?

- Agora já não sei se te quero contar, se calhar vou ligar ao Ruben e conte-lhe primeiro! – Madalena levantou-se do sofá e dirigiu-se até ao telemóvel no intuito de telefonar ao Ruben mas foi interrompida pelo David

- Vai, conta p’ra mim! Tou a pedir… - ela olhou para ele e acabou por ceder ao pedido do amigo que tão lhe carinhosamente lhe pedia para contar o segredo

-  Vou voltar a pintar!!! – disse-o com um enorme sorriso nos lábios

- A sério? – David ainda estava meio aparvalhado com a novidade, o que mais queria era poder voltar a vê-la desenhar novamente. Por momentos formou-se um enorme silencio devido à felicidade e espanto do David mas pouco tempo depois, já ciente da excelente novidade, falou –  Tou tão contentão que nem sei o que diga! Anda cá moça!

Madalena rendeu-se ao abraço dele e pela primeira vez sentiu algo que não estava á espera. A sua cabeça estava no peito do David devido à diferença de alturas ser bastante considerável, e estava a sentir os batimentos do coração bastante mais acelerados do que era habitual para ele. Passou-lhe por momentos na mente, que ele pudesse sentir mais alguma coisa, e o seu coração reagiu de imediato aquele pensamento aumentando drasticamente os batimentos cardíacos e ficando bastante corada. Tão depressa aqueles pensamentos apareceram como os fez desaparecer mas o seu coração não acalmava. Afastou-se um pouco dele e olhou-o nos olhos, algo estava diferente, via um brilho diferente, algo que nunca tinha visto ou sentido. Afastou-se de vez e tentou tirar aquelas ideias absurdas da cabeça. Enquanto as dúvidas eram implantadas na mente de Madalena, David continuava a desfrutar do máximo tempo que podia estar com ela ao mesmo tempo que lutava contra o seu interior, de a poder beijar, de poder dizer-lhe tudo o que sentia. Acima de tudo, tinha medo do desconhecido, tinha medo de estar a embarcar em algo que era só fruto da sau imaginação e perder a pessoa mais importante da sua vida.

-  E o que ‘cê vai pintar primeiro?

- Tu! – respondeu ainda um pouco atordoada mas depressa voltou ao estado normal – Isso mesmo, tu senhor David!

- Porquê eu?

- Em primeiro lugar porque o Ruben ficaria demasiado convencido se fosse ele o primeiro, além disso não lhe quero arranjar problemas com a namorada nova! Em segundo porque quero que sejas tu! Em terceiro porque eu quero-te a ti. Em quarto porque és tu…espera, essa já repeti…ham…porque sim e pronto! Aceitas ou não? – David estava extasiado com a possibilidade de ser pintando por ela

- Só com uma condição! ‘Cê tem que me por bonitão ouviu? – ao mesmo tempo que lhe apertava as bochechas, algo que Madalena odiava – senão não deixo!

- Que gracinha senhor David! – ao mesmo tempo que desembaraçava das suas bochechas as mãos dele - Tu já és bonito de natureza, nasceu contigo, por isso é praticamente impossível fazer-te parecer feio!

- ‘Cê não pode dizer uma coisa dessas assim…eu fico sem jeito e todo vermelhão! – David tinha corado mas Madalena nem se tinha apercebido

- Por amor á Santíssima! Tu deves ouvir elogios de milhares de fãs todos os dias, a todos os minutos, por isso não disse nada de mais, só aquilo que ouves constantemente! Mas se te incomoda eu começo a achar-te feio o que me dizes?

- Isso também não quero! Gosto quando ‘cê diz que sou bonito!

- Ai rapaz, não há quem te compreenda, criatura! – ela deu-lhe um beijo de obrigado estremecendo o rapaz, mas ela novamente, nem reparou – Bem, já ficamos conversados! Eu até te mostrava uns esboços que ando a fazer mas quero ser um bocadinho mazinha e não vou mostrar. E vou expulsar-te da minha casa! – enquanto o empurrava em direcção á porta com algum custo  

- E que horas é que ‘cê quer que te venha buscá logo à noite?

- Logo à noite? – perguntou surpresa –  Não me lembro de termos combinado alguma coisa!

- ‘Cê já se esqueceu do maravilhoso jantar que vamos ter em casa do Manz? Ele vai apresentá a namorada oficialmente! – assim que ele avivou a memória de Madalena, logo se lembrou do jantar maravilha em casa do Ruben

- A pois é! Já me esquecia…olha vem-me buscar por volta das 19:30 pode ser? É que assim ainda tenho uma conversa séria com o menino Ruben e aproveito e conto-lhe a novidade da pintura!

- Por mim ok! Até já!

- Até já!

Obrigada pelos comentários!
Espero que gostem!