sábado, 22 de outubro de 2011

Capitulo 2 - A força do destino ou apenas o desejo do coração







Depois de sair das quatro paredes que delimitavam a casa da Madalena, David nem sabia o que pensar e os seus sentimentos aumentavam dia para dia a uma velocidade estonteante. Sentia-se cada vez mais sem espaço de manobra, entre a espada e a parede. O sorriso dela, o olhar, os pequenos pormenores que só ela era capaz de fazer levavam-no a ter a certeza dos seus sentimentos por ela. Queria acima de tudo, vê-la feliz e faria o impossível por isso nem que se tivesse de prejudicar. Depois de entrar no carro decidiu telefonar ao Ruben

- Ei Manz, preciso de falar com você! – do outro lado, Ruben andava a preparar o jantar com a ajuda da sua mãe

- Não pode esperar por logo? – pediu – É que estou um bocado ocupado agora, estou a preparar as coisas para logo á noite. Não te importas pois não?

- Não, claro que não. Força aí, a gente chega aí cedo! – Ruben percebendo o tom de voz do amigo parou o que estava a fazer e prestou-lhe a devida atenção

- Pronto. Já percebi que há aí coisa…conta aí! Não, espera, deixa-me adivinhar, é sobre a menina Mena? – o silencio do David e o seu suspirar desconsolado denunciou-o de imediato – Mano, quando é que decides de uma vez contar-lhe o que sentes? Eu sei que é um risco, mas o amor não é isso mesmo, escolhas arriscadas?

- Eu sei isso tudo mas…

- Mas qual mas qual quê! Olha eu tenho mesmo que desligar porque senão a Dona Anabela vai-me dar na cabeça! Por isso pensa bem no que queres e no que é realmente importante para ti, se não tiveres preparado para assumires o que sentes, como tu dizes, deixa rolar e vê o que acontece!

- Tá bem Manz. Até já…  

(…)

- David já desço! – disse Madalena ao auscultador. Foi buscar rapidamente a sua mala e olhou-se mais uma vez ao espelho para ver se estava tudo no sítio. Assim que saiu de casa estava o David encostado à porta do pendura a olhar para o desconhecido, bastante nervoso ainda – já estou aqui criatura! – disse-o resignada por ele ainda não a ter visto. Assim que ele põe os olhos em cima dela não os conseguir mexer para mais lado nenhum – David? – ela passou as mãos em frente dos olhos dele acordando-o daquele estado de dormência

- Ah…vamo?

- Se saíres da frente da porta do carro, agradecia – ele abriu a porta e deixou-a entrar – está tudo bem contigo? – perguntou assim que David entrou dentro do carro – Estás um bocado estranho.

- ‘Cê ‘tá imaginando coisas nessa sua cabecinha! Eu é que ‘tava pensando numa coisa do treino e não estava á espera que ‘cê aparecesse assim tão de repente!

- O que aconteceu no treino? – perguntou com alguma curiosidade e um pouco de preocupação

- É a nova táctica pró próximo jogo, não se precisa de preocupar não!

- Eu não me preocupo mesmo, já sei que vocês vão ganhar! Confiança plena em vocês e no vosso trabalho! – Ela era uma adepta fervorosa da equipa encarnada e não perdia nenhuma oportunidade para os elogiar, tantos nos maus momentos como nos bons

- É mesmo desse apoio que a gente precisa…confiança dos nossos adeptos! – antes de poderem continuar com a conversa o telemóvel da Madalena começou a tocar

(Madalena)

- Estou… - disse assim que atendi a chamada do número privado

- Olá Mena! Sou eu a Inês, a da faculdade… - assim que ouvi a voz dela reconhecia de imediato

- Olá Inês…então já estás melhor dos pés? – perguntei com um sorriso nos lábios – ou ainda não melhorou? – embora fosse ela a queixar-se mais dos pés, os meus também me doíam bastante e os saltos que trazia estavam a fazer das suas.

- Já melhorou, graças a Deus! Acho que não aguento outro dia assim mas pronto, tem que ser. Olha, telefonei-te apenas para não te esqueceres de mim porque gostei muito de te conhecer! – assim que a vi na faculdade tive de imediato uma empatia com ela, não sabia explicar porquê mas tinha.

- Eu também gostei de te conhecer, acho que nos vamos dar bem! – respondi sorridente

- Sim, eu também! Bem, é tudo…até amanha!

- Até amanha!

Assim que desliguei a chamada o David teve que parar o carro na estrada pois havia uma enorme fila de carros. Liguei o rádio para perceber se noticiavam algum acidente na estrada em que estávamos, e assim que se começou a ouvir a voz do locutor não demorou muito para falar sobre o acidente. Recebemos informação da ocorrência de um acidente entre dois ligeiros na estrada (?) perto da rotunda que dá acesso à segunda circular sentido norte-sul. Ainda não se pode apurar se existem mortos mas pelo menos um ferido grave encarcerado está a ser retirado do automóvel depois de algum tempo de desencarceramento por parte dos bombeiros. Esperamos mais informações… Algo não estava bem, o meu coração diminuía, a cada batida, a sua frequência, um formigueiro estranho avançava desde os meus pés subindo pelas pernas parando apenas no coração com uma grande dor.

- Vou ligar ao Manz que a gente vai chegar atrasado!

Por momentos a minha atenção voltou-se para a mão do David que se dirigia ao telemóvel dele mas rapidamente voltou para o acidente. Enquanto ele falava com o Ruben disse-lhe que ia ver o que se tinha passado, ele abanou a cabeça negativamente mas eu abri a porta e saí á mesma do carro. Assim que comecei a andar, o meu corpo parecia que estava preso ao chão, um medo arrepiante que percorria todo o meu corpo, fazia-me ter receio do que pudesse encontrar. Algo que não compreendia, de todo, era o facto de aquele simples acidente me estar a perturbar assim tanto. As pessoas que estavam dentro dos carros olhavam para mim assim que passava pelos seus campos de visão. Ao longe pude começar a reparar no fumo que saia dos carros, o que significava que estava cada vez mais perto do acidente. O meu coração quase que já não tinha força para bombear o sangue para o resto do corpo, os meus pés apenas se arrastava pelo chão até ao local do acidente.

Havia dois carros completamente destruídos pelo choque e pelo consequente incêndio que daí proveio. Um senhor, que depreendi ser um dos condutores com idade por volta dos trinta, estava sentado na ambulância a ser assistido por uma equipa média. Enquanto o outro condutor estava a precisar de enormes cuidados por parte de outra equipa média. Os Guardas da Unidade de Transito estavam a falar ao pé de mim e pude ouvir um deles a falar para o seu destacamento. O condutor do Ford Fiesta azul está livre de perigo, tem trinta e dois anos e dá pelo nome de Manuel Gonçalves, tem apenas algumas escoriações, o teste do álcool deu 0.00 g/L. Já o condutor do Fiat 500 vermelho, pelo que pudemos verificar, tem vinte anos, chama-se Miguel Alves e está em estado grave. Vai ser transportado para o Hospital São Francisco Xavier e aí serão feitos todos os testes necessários para averiguar se conduzia sob o efeito do álcool… Assim que ouvi o nome do rapaz que estava deitado na maca, o meu coração parou momentaneamente. Não sentia as minhas pernas nem o meu corpo. O meu coração mirrou ao ver o jovem a ser transportado para a ambulância em maca com ajuda de dois bombeiros.

A curiosidade das pessoas fez com que saíssem do carro e fossem ver o que estava a acontecer. Pobre rapaz, com apenas vinte anos e está em perigo de vida!, disse uma senhora que estava ao pé de mim. Estes jovens de agora não se sabem comportar, muito provavelmente deve ter bebido, estes jovens não têm responsabilidades, disse-o outra pessoa. Ainda não se sabia as causas do acidente mas as pessoas já especulavam e atiravam culpas ao jovem. Por vezes a sociedade podia ser muito cruel, aliás, até em demasia. O trânsito estava a ser desviado pela via da esquerda, agora com mais rapidez, pois já podia vislumbrar perto de mim o carro do David. Voltei novamente para o carro angustiada sem perceber o porquê do acidente me afectar tanto.   

- Nossa! Que acidente! – disse o David assim que entrei no carro – há algum morto? – só de pensar nisso, ou até pôr essa possibilidade em questão fazia-me desejar sair dali, evaporar, desaparecer! – Mena o que se passa?

Abracei-o, não havia forma de controlar. Tinha um medo abismal e estranhamente doloroso com o que pudesse acontecer aquele rapaz que estava ali. Seria o facto de ele ser jovem e por ter a vida toda pela frente? Ou porque tinha o mesmo apelido do que eu? Por poder ser família e eu não saber… Assim que pensei em tal hipótese desejei nunca me ter lembrado dela pois só trazia ainda mais sofrimento. Fazia-me lembrar os meus pais e o que poderia ter vivido sem a ausência deles.

PIIIIIIIIIIIIIIII

O barulho das buzinas fez-me largar o David e ele arrancou com o carro. Olhei pelo vidro e pude ver o local do acidente enquanto o carro andava, o jovem já estaria na ambulância e esta devia estar prestes a partir. Assim que deixei de ver o acidente encostei a cabeça ao vidro e tentei acalmar as ideias que saltitavam na minha mente.

- Mena… - o David chamou-me mas eu não respondi – Mena… - voltei a ouvir o meu nome mas fiz de conta que não estava a ouvir nada – Mena fala p’ra mim, o que se passou? Conheceu alguém no acidente? – olhei para ele e ele estava a variar a sua atenção tanto na estrada como em mim – ‘Cê me pode dizer o que se passou ou vou ter que parar o carro!

- Não faço a mínima ideia de quem sejam…apenas sei que existem dois feridos, um com trinta e dois anos livre de perigo e outro com vinte que está…que está em perigo de vida – disse com algum custo – não sei porque é que me está a afectar tanto mas…mas, sei lá, não faço ideia do que se está a passar e porque é que só me apetece chorar – Entretanto já tínhamos chegado a casa do Ruben, ele desprendeu o cinto depois de desligar o carro e olhou para mim

- Anda cá! – ele puxou-me para ele e deu-me um beijo na testa seguido de um abraço forte – isso vai passar vai ver! Existem pessoas mais sensível a esse tipo de acidente e deve ter sido por isso que ficou desse jeito meio com medo

- Achas?

- Tenho a certeza moça! ‘Cê vai ver que isso já passa assim que vir a cara do Manz esfomeado – disse a rir e também não pude deixar de rir com tamanha visão do Ruben esfomeado – Mas se preferir eu levo você de novo a casa e explico tudo ao Manz, ele não se vai importar!

- Não David, este jantar é importante para o Ruben, não quero faltar de modo algum por causa de uma parvoíce da minha cabeça.

- Não é parvoíce, ‘cê não tá bem, eu sinto! – eu dei-lhe um beijo na cara e de seguida segurei na mão dele

- Não te preocupes…posso não estar bem agora mas assim que vir a cara do Ruben de desespero por causa do nosso atrasado, vou ficar lindamente, acredita! Vamos? – fiz um enorme sorriso tentado tranquiliza-lo

- Como é teimosa moça! Consegue sempre me dar a volta né? – acabei por lhe dar outro beijo e assim que saímos do carro respondi

- Faço por isso!

Fomos em direcção à entrada da casa do Ruben e tocamos á porta, de dentro já se ouvia muita movimentação e assim que tocamos podemos ouvir a voz do Ruben ao berros a dizer que vinha abrir a porta.

- Aleluia pessoal! – disse assim que abriu a porta – estava a ver que tinha que ir fazer outra estrada para vocês chegarem a horas decentes! Anda uma pessoa a preparar um jantar tão importante como este e estas duas alminhas á minha frente tinham que estragar o programado…

- Eu não disse p’ra você que ele tava esfomeado… - disse o David super divertido para mim – E você continua aí especado na porta? Assim é que a gente nunca mais entra…

- Que engraçado que tu me saíste! Entrem lá…

Entramos dentro de casa e fomos para a sala. Assim que chegamos, eu nem queria acreditar no que os meus olhos me estavam a mostrar. Era um sonho…

Obrigada pelos comentários, são um grande incentivo!!
Espero que gostem..
Dé 

1 comentário:

  1. Amei Débora! :D
    Lindo, lindo, lindo!
    Cada vez gosto mais. Escreves muito bem!
    Aii, agora estou ansiosa pelo proximo!
    Será que era irmão dela? Huuum
    Posta assim que poderes
    Beijinho
    Ana Sousa

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